
Enquanto o Governo do Estado anuncia o repasse de R$ 10 milhões para o recapeamento asfáltico em Guarapari, moradores do bairro Santa Mônica seguem convivendo com um cenário que desafia o discurso de desenvolvimento urbano: ruas urbanizadas, habitadas e com cobrança regular de impostos, mas sem o mínimo de pavimentação.
As ruas Francisco Corrêa, Carlos Corrêa e Rua da Luz, todas localizadas no Mirante Santa Mônica em área densamente habitada do bairro, seguem sem asfalto — e com buracos, lama e poeira que transformam o cotidiano em um verdadeiro teste de resistência. A contradição é evidente: enquanto trechos já asfaltados recebem nova camada de recapeamento, essas vias nunca receberam sequer o primeiro pavimento.
A situação já é pauta antiga no Legislativo municipal. Em 2017, por exemplo, o vereador Denizart Luiz do Nascimento (Zazá) apresentou o REQUERIMENTO 600/2017, solicitando ao chefe do Poder Executivo Municipal, através da SEMPO Secretaria Municipal de Obras Públicas, providências no sentido de viabilizar a arrumação e asfaltamento das ruas Francisco Correa e Carlos Correa, no bairro Santa Mônica, mostrando que a necessidade de pavimentação dessas vias já era conhecida e formalmente requisitada há anos.

A indignação cresce com o tempo, especialmente porque metade dos moradores dessas ruas é composta por idosos, muitos enfrentando problemas de locomoção. De acordo com os relatos, vários já caíram devido aos buracos e à inclinação acentuada do terreno, resultando inclusive em quedas com fraturas nos braços.
Enquanto isso, o investimento milionário em recapeamento é apresentado como avanço da mobilidade urbana. Mas para os moradores de Santa Mônica, o contraste é gritante: como falar em modernização se ainda há ruas sem o básico?
O caso levanta uma questão central sobre prioridade e equidade no uso do dinheiro público. Por que investir milhões em refazer o que já existe, enquanto áreas consolidadas, com moradores pagantes e históricos de solicitações formais, continuam abandonadas?
Falta transparência sobre os critérios de escolha das vias beneficiadas, e falta, sobretudo, um olhar humano sobre quem há anos convive com poeira, barro e promessas.
Afinal, em Santa Mônica, o asfalto ainda é promessa antiga — e o recapeamento parece ser privilégio de poucos.



