Levantamento de dados geoquímicos e paleontológicos para a restauração de manguezais: a pesquisa para além da sala de aula

Guarapari, ES — Entre os dias 1 e 5 de setembro de 2025 a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Concha da Ostra e os rios Una e Perocão foram o cenário de uma missão de pesquisa científica. O I Workshop do projeto “Vozes dos Manguezais de Guarapari” uniu cientistas do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES – Campus Piúma) e da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES – Campus Alegre), com o propósito de diagnosticar as condições dos manguezais da região. Sob a coordenação do Prof. Dr. Marlon Carlos França, a iniciativa visa produzir dados rigorosos capazes de guiar a conservação em escala nacional. Os participantes relatam os desafios, as descobertas e as expectativas de um estudo que exige o trabalho de campo, indo muito além dos limites teóricos da academia.

O rigor científico e a metodologia de coleta de dados

O sucesso de uma pesquisa científica depende da qualidade de sua metodologia. Para garantir o rigor dos dados, a equipe precisou planejar e executar a coleta de forma minuciosa, como explicam os participantes.

Guilherme Arantes Ribeiro (graduando do curso de geografia da UFES):

A metodologia de coleta está totalmente alinhada ao objetivos finais de recuperação do manguezal sendo adaptado a todo momento para melhor se adequar aos mais diversos ambientes encontrados durante as atividades de coleta, meu papel fundamentalmente foi garantir a instrumentalização e a realização das coletas  para que sejam o mais proveitosas possível. 

Ramon Moreira Vaneli Alves (graduando do curso de agronomia da UFES):

“A metodologia adotada está diretamente alinhada aos objetivos da pesquisa, pois foi elaborada de forma a garantir a representatividade e a confiabilidade das amostras coletadas. A padronização dos procedimentos de coleta, registro e acondicionamento assegura que os dados obtidos sejam consistentes e comparáveis, reduzindo vieses e fortalecendo a validade científica das análises subsequentes. Meu papel nesse processo é aplicar corretamente todas as etapas definidas pelo protocolo, assegurando que as informações geradas reflitam de maneira fiel as condições ambientais estudadas. Dessa forma, contribuo para manter o rigor científico necessário para que os resultados possam ser utilizados de maneira robusta em diagnósticos ambientais e em futuras tomadas de decisão.”

Sara Ramos dos Santos (Pós-doutoranda da UFES na área de mineralogia):

“A metodologia de coleta foi planejada para alinhar-se diretamente aos objetivos do projeto, que consistem em realizar um levantamento biogeoquímico e paleontológico visando a restauração do manguezal. Considerando que se trata de uma área de difícil acesso, a estratégia adotada busca não apenas garantir a representatividade dos dados, mas também otimizar o tempo de trabalho em campo. Para isso, estão sendo contemplados diferentes ambientes pedológicos e florísticos, de modo a obter uma visão integrada do sistema. Meu papel foi colaborar com os coordenadores na definição da abordagem mais adequada para assegurar a coleta de amostras representativas, com ênfase nos estudos mineralógicos e geoquímicos. Essa etapa é fundamental para garantir o rigor científico dos dados, uma vez que a qualidade e a representatividade das amostras determinam a confiabilidade das análises subsequentes e a futura interpretação dos dados sobre o manguezal.”

Gabriel da Silva Abreu Souza (mestrando em agroquímica, UFES):

“A metodologia de coleta foi estruturada para assegurar representatividade espacial e comparativa entre diferentes condições ambientais dos manguezais, tanto preservados quanto antropizados. A padronização da profundidade (0–20 cm) permite uma análise consistente da mineralogia dos horizontes superficiais, que são os mais sensíveis a processos de deposição e impacto ambiental. A extrema organização no campo para identificação correta e descrição completa do local de coleta foi fundamental. Além disso, em cada ponto foram realizadas mais de uma coleta para garantir reprodutibilidade e assegurar as análises que serão realizadas.”

Everton Matos Sousa (graduando em geografia na UFES):

“A metodologia está alinhada aos objetivos do projeto por direcionar a coleta de dados para áreas estratégicas de reflorestamento. No campo, atuo auxiliando a equipe durante as coletas e, posteriormente, sou responsável por elaborar os mapas das áreas visitadas, o que contribui para a organização e precisão dos dados da pesquisa.”

O rigor científico e a metodologia de coleta de dados

O sucesso de uma pesquisa científica depende da qualidade de sua metodologia. Para garantir o rigor dos dados, a equipe precisou planejar e executar a coleta de forma minuciosa, como explicam os participantes.

Guilherme Arantes Ribeiro (graduando do curso de geografia da UFES):

A metodologia de coleta está totalmente alinhada ao objetivos finais de recuperação do manguezal sendo adaptado a todo momento para melhor se adequar aos mais diversos ambientes encontrados durante as atividades de coleta, meu papel fundamentalmente foi garantir a instrumentalização e a realização das coletas  para que sejam o mais proveitosas possível. 

Ramon Moreira Vaneli Alves (graduando do curso de agronomia da UFES):

“A metodologia adotada está diretamente alinhada aos objetivos da pesquisa, pois foi elaborada de forma a garantir a representatividade e a confiabilidade das amostras coletadas. A padronização dos procedimentos de coleta, registro e acondicionamento assegura que os dados obtidos sejam consistentes e comparáveis, reduzindo vieses e fortalecendo a validade científica das análises subsequentes. Meu papel nesse processo é aplicar corretamente todas as etapas definidas pelo protocolo, assegurando que as informações geradas reflitam de maneira fiel as condições ambientais estudadas. Dessa forma, contribuo para manter o rigor científico necessário para que os resultados possam ser utilizados de maneira robusta em diagnósticos ambientais e em futuras tomadas de decisão.”

Sara Ramos dos Santos (Pós-doutoranda da UFES na área de mineralogia):

“A metodologia de coleta foi planejada para alinhar-se diretamente aos objetivos do projeto, que consistem em realizar um levantamento biogeoquímico e paleontológico visando a restauração do manguezal. Considerando que se trata de uma área de difícil acesso, a estratégia adotada busca não apenas garantir a representatividade dos dados, mas também otimizar o tempo de trabalho em campo. Para isso, estão sendo contemplados diferentes ambientes pedológicos e florísticos, de modo a obter uma visão integrada do sistema. Meu papel foi colaborar com os coordenadores na definição da abordagem mais adequada para assegurar a coleta de amostras representativas, com ênfase nos estudos mineralógicos e geoquímicos. Essa etapa é fundamental para garantir o rigor científico dos dados, uma vez que a qualidade e a representatividade das amostras determinam a confiabilidade das análises subsequentes e a futura interpretação dos dados sobre o manguezal.”

Gabriel da Silva Abreu Souza (mestrando em agroquímica, UFES):

“A metodologia de coleta foi estruturada para assegurar representatividade espacial e comparativa entre diferentes condições ambientais dos manguezais, tanto preservados quanto antropizados. A padronização da profundidade (0–20 cm) permite uma análise consistente da mineralogia dos horizontes superficiais, que são os mais sensíveis a processos de deposição e impacto ambiental. A extrema organização no campo para identificação correta e descrição completa do local de coleta foi fundamental. Além disso, em cada ponto foram realizadas mais de uma coleta para garantir reprodutibilidade e assegurar as análises que serão realizadas.”

Everton Matos Sousa (graduando em geografia na UFES):

“A metodologia está alinhada aos objetivos do projeto por direcionar a coleta de dados para áreas estratégicas de reflorestamento. No campo, atuo auxiliando a equipe durante as coletas e, posteriormente, sou responsável por elaborar os mapas das áreas visitadas, o que contribui para a organização e precisão dos dados da pesquisa.”

Os desafios do terreno e os ajustes de rota

O ambiente de manguezal, com sua complexidade e desafios logísticos, exigiu que a equipe tomasse decisões rápidas e fizesse ajustes na estratégia inicial, provando que a ciência no campo é um processo dinâmico.

Guilherme Arantes Ribeiro (graduando do curso de geografia da UFES):

Atividades práticas de forma geral garantem uma maior imersão no conteúdo estudado, especificamente sobre atividades de pesquisa de campo como essa vai além disso, elas possibilitando uma visão diferente das dinâmicas naturais em constante contato com o avanço da ocupação desordenada e suas consequências. Você não consegue entender o que é um manguezal pelos livros, somente andando você pode de fato compreender a dimensão dos recursos e da importância desses ambientes.

Sara Ramos dos Santos (Pós-doutoranda da UFES na área de mineralogia):

“Inicialmente, havíamos planejado realizar a coleta a partir da krigagem prévia dos fragmentos, de modo a seguir um desenho amostral baseado em interpolação espacial. No entanto, durante a visita de campo constatamos que o acesso a determinadas áreas seria inviável no tempo disponível, devido às dificuldades de deslocamento no ambiente de manguezal. Diante disso, a estratégia foi ajustada para a coleta em transectos, o que possibilitou abranger uma área mais ampla e contemplar os diferentes ambientes presentes no manguezal. Essa adaptação assegurou a representatividade das amostras e a viabilidade logística do trabalho, sem comprometer o rigor científico do estudo.”

Ramon Moreira Vaneli Alves (graduando do curso de agronomia da UFES):

“Os principais critérios técnicos considerados para a seleção das áreas de coleta foram: (i) a representatividade ecológica, garantindo que os pontos escolhidos refletissem a diversidade de condições existentes no manguezal; (ii) o estado de conservação, uma vez que áreas em diferentes níveis de preservação fornecem informações importantes sobre impactos ambientais e potenciais estratégias de recuperação; e (iii) a acessibilidade, aspecto essencial para viabilizar a logística de coleta e o transporte adequado das amostras. Durante a visita, ocorreram debates e ajustes entre a equipe de campo, de modo a assegurar que as áreas escolhidas estivessem de acordo com os objetivos centrais do projeto e contemplassem a variabilidade ambiental necessária para análises comparativas.”

Everton Matos Sousa (graduando em geografia na UFES):

“Foi feita uma análise prévia das áreas, com uma pré-seleção dos pontos antes da ida a campo. No entanto, durante as visitas, surgiram algumas adversidades, como dificuldade de acesso e variação nas condições do terreno. Por isso, os pontos acabaram sendo definidos por senso comum entre a equipe, priorizando locais estratégicos para garantir a maior precisão dentro das condições do momento.”

Gabriel da Silva Abreu Souza (mestrando em agroquímica, UFES):

“Os principais critérios técnicos foram: grau de preservação versus antropização, proximidade de fontes de poluição urbana, influência hidrodinâmica da maré e representatividade do gradiente ambiental. Durante o campo, houve debates entre a equipe para ajustar pontos de coleta em função do acesso, da representatividade do local e das condições de maré, assegurando que os dados captassem a variabilidade dos ambientes estudados. Além disso a coleta em transecto feita em algumas áreas controles serão fundamentais para entender como funciona um manguezal.”

O aprendizado fora da sala de aula e a vida do cientista

A experiência em campo é uma parte insubstituível da formação científica, onde o conhecimento teórico se encontra com a realidade. Os estudantes compartilham suas percepções sobre a importância dessa vivência.

Guilherme Arantes Ribeiro (graduando do curso de geografia da UFES):

“Existiram alguns debates e reconhecimento que definiram quais seriam nosso foco para coletas, os principais critérios foram a real possibilidade e importância para o melhor aproveitamento para uma recuperação consciente e com êxito, e as condições de acesso das áreas”.

Ramon Moreira Vaneli Alves (graduando do curso de agronomia da UFES):

“A experiência em campo se diferencia da teoria porque permite vivenciar de forma concreta os processos que, muitas vezes, são compreendidos apenas de maneira abstrata nos livros e nas aulas. Ao observar diretamente as condições do solo, a vegetação, a influência da maré e a interação entre fatores bióticos e abióticos no manguezal, consigo relacionar conceitos teóricos à realidade observada, tornando o aprendizado mais dinâmico e aplicável. Esse contato direto proporciona um olhar mais crítico sobre a complexidade dos ecossistemas, mostrando que, na prática, as variáveis nem sempre se comportam de forma tão previsível quanto nos modelos teóricos. Essa vivência, portanto, aprofunda minha compreensão científica e amplia minha capacidade de interpretar dados com maior sensibilidade ao contexto ambiental.”

Sara Ramos dos Santos (Pós-doutoranda da UFES na área de mineralogia):

“Minha formação teórica ocorreu, em grande parte, em áreas não alagadas (Cambissolos, Latossolos e etc.). A experiência em campo nos manguezais trouxe uma perspectiva bastante diferente, pois possibilitou observar diretamente a relação entre os diferentes tipos de sedimentos e as formações vegetais associadas. Esse contato ampliou minha compreensão, tornando mais concretos processos que eu já conhecia teoricamente, como os mecanismos redoximórficos típicos de ambientes anaeróbicos. Além disso, a vivência prática permite integrar o conhecimento pedológico e geoquímico à dinâmica ecológica dos manguezais, mostrando de forma aplicada como o solo, a água e a vegetação interagem e condicionam o funcionamento desse ecossistema. Essa experiência, portanto, enriquece minha visão científica e amplia minha capacidade de interpretar e propor soluções voltadas à conservação e restauração desses ambientes.”

Gabriel da Silva Abreu Souza (mestrando em agroquímica, UFES):

“O trabalho de campo difere do aprendizado teórico porque exige a aplicação prática de conceitos, o enfrentamento de condições diversas e a tomada de decisões imediatas frente a imprevistos. Na prática, poder compreender um pouco mais sobre os processos ecológicos dos manguezais e como a dinâmica de maré, deposição de sedimentos e influência da vegetação são extremamente importantes. Essa vivência amplia a compreensão sobre a complexidade e a resiliência do ecossistema, conectando o conhecimento teórico com a prática. Outro importante ponto é a troca de informações durante todo o campo que aprimora o conhecimento e permite aprender todo dia coisas novas e vistas na vida real.”

Everton Matos Sousa (graduando em geografia na UFES):

“O aprendizado em campo costuma ser mais intenso do que na sala de aula, já que permite entender na prática o funcionamento do manguezal e os desafios do ambiente. Além disso, as atividades fora da sala ajudam a unir o grupo, fortalecendo a colaboração entre os envolvidos no projeto.”

Sob a coordenação do Prof. Dr. Marlon Carlos França, a iniciativa visa produzir dados rigorosos capazes de guiar a conservação em escala nacional.



A expedição de campo foi apenas o início de um trabalho que promete ter grande impacto. Os participantes compartilham suas expectativas sobre como os resultados serão usados para a conservação e a sensibilização da sociedade.

Guilherme Arantes Ribeiro (graduando do curso de geografia da UFES):
“Os dados coletados tem papel central no diagnóstico para estipular as melhores estratégias de recuperação de forma mais eficiente e que realmente vai dar certo, esses dados futuramente são tudo que os políticos precisam para fazer um trabalho realmente importante para recuperação e manutenção das áreas de manguezal em Guarapari e servir de modelo de diagnóstico e recuperação de outras áreas com as mesmas problemáticas.”

Sara Ramos dos Santos (Pós-doutoranda da UFES na área de mineralogia):
“Tenho a expectativa de que os dados coletados forneçam uma visão consistente sobre o grau de poluição da área, a partir da comparação entre amostras de áreas de referência e áreas degradadas. Além disso, o estudo permitirá compreender de que forma as mudanças climáticas holocênicas alteraram a configuração dos manguezais ao longo do tempo. Com base nesses resultados, será possível identificar e mapear as áreas mais críticas em termos de contaminação, subsidiando ações de remediação. Ao mesmo tempo, os dados contribuirão para prever os possíveis efeitos do aquecimento global sobre os manguezais de Guarapari, oferecendo informações relevantes tanto para orientar políticas públicas de conservação quanto para sensibilizar a sociedade sobre a importância desses ecossistemas.”

Ramon Moreira Vaneli Alves (graduando do curso de agronomia da UFES):
“Minha expectativa é que os dados obtidos sejam capazes de gerar informações sólidas e relevantes para subsidiar estratégias de conservação, recuperação e manejo sustentável dos manguezais de Guarapari. Espero que os resultados contribuam não apenas para a compreensão científica sobre a dinâmica desse ecossistema, mas também para orientar políticas públicas ambientais mais eficazes, voltadas ao reflorestamento, à proteção da biodiversidade e à mitigação de impactos antrópicos. Além disso, acredito que a divulgação dos achados possa exercer um papel importante na sensibilização da sociedade, promovendo uma maior valorização dos manguezais enquanto ecossistemas de alta relevância ecológica, econômica e social. Dessa forma, os dados têm potencial para impactar tanto o campo científico quanto a gestão ambiental e a percepção pública.”

Gabriel da Silva Abreu Souza (mestrando em agroquímica, UFES):
“A expectativa é que os dados mineralógicos e geoquímicos subsidiem uma compreensão mais aprofundada da dinâmica dos manguezais da região, permitindo identificar padrões de degradação e resiliência. Esses resultados poderão servir como base científica para políticas públicas de conservação e recuperação de áreas impactadas, além de contribuir para sensibilizar a sociedade sobre a importância dos manguezais de Guarapari como ecossistemas estratégicos para biodiversidade, proteção costeira e serviços ambientais.”

Everton Matos Sousa (graduando em geografia na UFES):
“Há bastante animação com os dados coletados, já que a vivência em campo desperta muitas ideias para o futuro. Exemplos de reflorestamento no estado têm gerado grande comoção popular e expectativa por um futuro mais sustentável. Acredito que o projeto possa influenciar não só a comunidade local de Guarapari, mas também as regiões próximas, fortalecendo a conservação dos manguezais.”

A expedição científica realizada nos manguezais de Guarapari estabeleceu uma base sólida para um diagnóstico biogeoquímico e mineralógico detalhado desse ecossistema. A equipe, através de uma metodologia rigorosa que incluiu a coleta padronizada em transectos de áreas preservadas e antropizadas, conseguiu obter amostras representativas que permitirão identificar padrões de degradação e resiliência. Os dados coletados, que incluem a análise de diferentes ambientes pedológicos e as condições de maré, servirão como evidência científica para avaliar o grau de poluição da área e compreender a influência de fatores hidrodinâmicos e mudanças climáticas ao longo do tempo. Em suma, o levantamento inicial é conclusivo em sua capacidade de fornecer informações cruciais para o mapeamento de áreas críticas de contaminação, subsidiando políticas públicas eficazes de conservação, recuperação e manejo sustentável dos manguezais.

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