Alunos do CEEMTI de Anchieta apresentam intoxicação alimentar após consumir merenda escolar

Por Sabrina Ruela (sabrina@es365.com.br)

Na manhã desta quarta-feira (12), a comunidade escolar do CEEMTI Paulo Freire, localizado em Anchieta, foi surpreendida por um incidente que gerou preocupação entre alunos, pais e professores. Informações preliminares indicam que diversos estudantes apresentaram sintomas compatíveis com intoxicação alimentar após o consumo da merenda escolar fornecida pela instituição na terça (11).

O CEEMTI Paulo Freire, anteriormente conhecido como Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral de Anchieta, é uma unidade de ensino que oferece cursos técnicos em tempo integral, atendendo alunos em dois turnos: matutino (7h às 14h) e vespertino (14h às 21h). A escola possui infraestrutura adequada, incluindo abastecimento de água, energia elétrica, esgoto e coleta de lixo. o CEEMTI também possui programas de incentivo às ciências e tecnologia conforme informações disponíveis no Instagram da Escola.

A merenda escolar, fornecida por empresas especializadas contratadas pela Secretaria de Estado da Educação (SEDU), tem como objetivo propiciar aos alunos um Programa de Educação Nutricional, promovendo a saúde e prevenindo doenças; no entanto, após consumir a alimentação fornecida pela escola, alguns estudantes vieram a passar mal. Ao ser questionada a respeito da procedência dos alimentos fornecidos, se os alunos de ambos os turnos comem da mesma merenda e sobre fiscalizações na qualidade dos alimentos, a escola escolheu não se pronunciar, alegando não poder dar informações; também foi afirmado que somente a Secretaria de Educação pode dar tais informações.

Cristiane Petri, mãe de um dos alunos, contou ao Portal ES365, o que aconteceu com seu filho. “Desde a madrugada de hoje [quarta-feira], meu filho está com dores fortes na barriga e diarreia. No dia 11 ele estava super bem, não reclamou de nada, mas hoje a dor começou de madrugada e piorou. Mesmo assim, ele foi para a escola. Mas por volta das 10h30, ligaram pedindo para eu ir buscá-lo, porque ele estava sentindo muita dor de novo e com diarreia”, contou. Ela também alertou que não é a primeira vez que isso acontece. “Já teve outros episódios assim no ano passado, mas não sei se tem a ver com a alimentação da escola ou com a água. Como mãe, fico muito preocupada, porque ele sempre come a merenda lá”, finalizou Cristiane.

Foto de Secretaria Estadual de Educação

Além de Cristiane, outros responsáveis também se manifestaram, contando que seus filhos vieram a ficar doentes ao longo do dia. Angela Maria disse que seu filho também veio para casa já com sintomas de intoxicação alimentar, sendo levado à Unidade de Saúde no dia seguinte, sem conseguir se alimentar. Ao todo, nove responsáveis se queixaram de seus filhos adoecerem.

Josiane Souza, mãe de Kayrone, aluno do turno matutino revelou ao ES365 como seu filho passou mal. “Ele chegou da escola bem. Quando deu umas três horas da tarde, ele ficou com muita dor na barriga, fiz chá de boldo para ele, mas nada da dor passar. Ele ficou passando mal a noite toda; Mais ou menos cinco horas da manhã, eu vi que ele estava muito mal. Levei o Kayrone para o Pronto Atendimento (P.A.) e lá ele recebeu soro na veia”, relata. Josiane também comentou que seu filho “não tinha comido nada demais; havia comido apenas pão com carne moída na escola.” Ela frisa que teve de ir correndo ao PA, pois Kayrone já não estava aguentando de dor e desidratação.

Silvania, também mãe, contou que seu filho apresentou sintomas à noite, depois de chegar da escola, durante a madrugada toda passando mal. “Pela manhã, ele mal conseguia ficar de pé, trêmulo, com pouco de febre. Perguntei o que havia comido de diferente, porque em casa não comeu nada que pudesse ocasionar esse problema, então me relatou que havia comido na escola um pão com carne moída e suco”, contou.

A comunidade escolar aguarda ansiosamente por esclarecimentos e medidas preventivas para evitar que situações semelhantes ocorram no futuro. A Secretaria da Educação (Sedu) informa que está acompanhando a situação relatada no Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral (CEEMTI) Paulo Freire, em Anchieta, e reforça seu compromisso com a qualidade e segurança da alimentação escolar. “Todas as refeições são preparadas e servidas nos dois turnos, seguindo rigorosos protocolos de segurança alimentar. A alimentação é fornecida por uma empresa terceirizada, que trabalha com diversos fornecedores para garantir a variedade e a qualidade dos insumos. O controle de qualidade inclui fiscalização diária, desde a chegada dos produtos até o preparo e a distribuição das refeições. Além disso, coordenadores realizam degustação prévia dos alimentos e monitoram o serviço prestado aos alunos”, garante a Secretaria. “Para garantir ainda mais segurança, nutricionistas da empresa responsável realizam visitas semanais, e amostras das refeições são coletadas e armazenadas por até 72 horas para análise, caso necessário”, finaliza.

Pronunciamento da Escola

Após a publicação da matéria no dia 12, o CEEMTI se pronunciou, anunciando que a instituição de ensino tomou as medidas cabíveis junto à Vigilância Sanitária e que as amostras da merenda do dia 11 de fevereiro serão analisadas. Confira a nota emitida pela escola a seguir:

“Sabemos que uma matéria recente sobre a intoxicação alimentar na merenda escolar gerou preocupação, e gostaríamos de tranquilizá-los. A Vigilância Sanitária já está tomando todas as providências necessárias, conforme os procedimentos obrigatórios, para investigar o ocorrido. Importante destacar que apenas alguns alunos foram notificados, e todos receberam o devido atendimento médico imediato”, conta a nota. Em seu texto, também se esclarece que a comida é degustada previamente pelos coordenadores e pelo diretor, algo informado anteriormente pela Sedu. “Gostaríamos de reforçar que a merenda escolar é preparada com extremo cuidado pela empresa terceirizada responsável. A qualidade e segurança dos alimentos são fiscalizadas desde a chegada dos insumos até o momento de servir aos alunos, garantindo que tudo esteja em conformidade com os padrões exigidos.”

Apesar de não responder a nenhum questionamento feito pelo Portal ES365, o CEEMTI de Anchieta conta na nota que “todas as instâncias competentes, como a SRE e a SEDU, foram comunicadas e estão acompanhando de perto o desenvolvimento do processo”.

Ao fim do pronunciamento, a escola convida pais e responsáveis a ir pessoalmente verificar a qualidade do trabalho prestado na instituição. “Ao longo dos seis anos de funcionamento da nossa escola, sempre lidamos com os cuidados necessários, realizando todos os procedimentos de saúde para garantir a segurança e o bem-estar dos nossos estudantes.”

Perigos da Intoxicação Alimentar

A intoxicação alimentar ocorre quando ingerimos alimentos ou bebidas contaminados com microrganismos patogênicos, como bactérias, vírus ou parasitas, ou com substâncias tóxicas. Os sintomas podem variar de leves a graves, mas, em qualquer caso, a condição exige atenção.

Os principais sintomas de intoxicação alimentar incluem náusea, vômito, diarreia, cólicas abdominais e febre. Embora na maioria dos casos os sintomas desapareçam em poucas horas ou dias, em casos mais graves, pode haver desidratação, perda de peso significativa e até mesmo complicações mais sérias, como:

  • Desidratação:
    A diarreia intensa e o vômito podem levar rapidamente à desidratação, o que é especialmente perigoso para crianças, idosos e pessoas com o sistema imunológico enfraquecido. A desidratação pode causar tonturas, fraqueza extrema e até danos aos rins, exigindo hospitalização em alguns casos.
  • Complicações a Longo Prazo:
    Em algumas situações, a intoxicação alimentar pode causar complicações de longo prazo, como a síndrome hemolítico-urêmica (um tipo de falência renal), ou até mesmo problemas neurológicos, dependendo do tipo de agente causador da intoxicação.

Grupos de Risco

Crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com o sistema imunológico comprometido (como portadores de HIV, diabéticos, entre outros) estão em maior risco de sofrer complicações graves em caso de intoxicação alimentar. Para essas pessoas, a intoxicação alimentar pode evoluir rapidamente para uma condição crítica.

Prevenção

A melhor forma de evitar intoxicação alimentar é garantir que os alimentos sejam preparados, armazenados e consumidos de maneira segura. Isso inclui lavar bem os alimentos, cozinhar completamente as carnes, armazenar os alimentos em temperaturas seguras e garantir a higiene na preparação dos alimentos.

A intoxicação alimentar, além de desconfortável, pode colocar a saúde em risco, principalmente se não tratada adequadamente. Por isso, é essencial estar atento a sinais de alerta, como desidratação severa, e buscar ajuda médica quando necessário.

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