Por Sabrina Ruela (sabrina@es365.com.br)
As competições esportivas entre escolas são eventos que vão além dos jogos e das medalhas. Elas desempenham um papel importante de desenvolvimento físico, emocional e social dos alunos. Além de promover a prática saudável de esportes, também estimulam a interação, espírito de equipe e de comunidade, fair play, além da união por um objetivo comum: A vitória. O ambiente competitivo dos esportes ensina os alunos a lidarem com vitórias e derrotas, promovendo a resiliência e a capacidade de superar desafios. Eles aprendem que o esforço e a perseverança são recompensados e que as derrotas são oportunidades para crescimento e aprendizado. Mas qual é a verdadeira importância dessas competições?
Segundo Yuri Marcio Silva, professor de Educação Física no Campus do Ifes de Cariacica, é importante considerar todos os aspectos que envolvem o ambiente de competição, desde o treinamento até a atitude durante o jogo. “Os jogos esportivos, competitivos, podem ter um impacto na formação dos estudantes, e na vida como um todo. Tudo isso depende da forma que essa competição, que essa preparação é conduzida, com profissionais competentes e qualificados pra tal. Em nosso caso, a gente preza muito pelo ensino dos aspectos técnicos, mas fundamentalmente pelos valores que orientam os esportes e podem servir para a vida fora da escola”, frisa.
O apoio de profissionais qualificados e a vivência prática no esporte podem realmente fazer a diferença para os atletas. Nos Institutos Federais do Espírito Santo (IFES) da Grande Vitória, essa prática tem mostrado resultados positivos tanto para os estudantes quanto para a comunidade escolar. Os Jogos Estaduais do Ifes (Jifes) que aconteceram durante todo o mês de junho trouxe, além da interação entre os campi do Instituto Federal, uma emoção grande para os adolescentes.
Anna Júlia de Alvarenga, estudante e presidente do grêmio estudantil de Vitória, fala sobre a importância do envolvimento de todos para o bom andamento dos jogos. “Acho que não existe uma equipe que funcione sem o trabalho coletivo. Todos os atletas precisam estar em harmonia e dispostos a ajudar os colegas para que façam uma boa partida. O líder do time dá as orientações, mas todos precisam entrar em sintonia”, comenta. Ela também fala como este é um elemento crucial para a participação do campus em outras etapas da competição: “A relação que se tem dentro dos nossos times é ótima! Foi o meu terceiro JIFES, e é a terceira vez consecutiva que vejo o campus de Vitória ganhando em todos os esportes que nos colocamos. Nossa torcida estava enorme nessa etapa metropolitana, ao ponto de deixarmos outras torcidas do lado de fora do ginásio porque estávamos ocupando toda a arquibancada interna”.
Matheus Valerio, estudante e presidente do grêmio estudantil de Cariacica, comenta que a sensação é de vibrar, cada campus por sua seleção. “Participar da competição é algo mágico, é uma das melhores experiências que a escola pode nos proporcionar. O esporte torna os Ifes as nossas pátrias, e comove os alunos para torcerem ao máximo. Os grêmios estudantis, junto com os demais alunos, organizaram bandeiras, gritos de guerra, abadás e até a compra de instrumentos de percussão para explodir nossa torcida no jogos”, comenta animado.
Estímulo acadêmico
Para os universitários, o esporte não fica em segundo plano. Os Jogos Universitários do Espírito Santo (Junes) também aconteceram no mês de Junho e já têm os representantes das modalidades individuais e coletivas para as etapas nacionais. Organizados pela Federação Universitária de Esportes Capixaba (FUEC), os Junes reúnem jovens de instituições públicas e privadas para diversas competições entre faculdades, que mostram o seu melhor nas diferentes modalidades. Segundo a Federação, “os Junes de 2024 contaram com a participação de 732 atletas, inscritos em 18 modalidades esportivas: acadêmico, atletismo, basquete, basquete x1, cheerleading, futemesa, futsal, handebol, judô, jiu-jistu, karatê, natação, taekwondo, tênis de mesa, tênis, vôlei, wrestling e xadrez.”
Gustavo Amorim, presidente da Fuec mostra como a participação nos jogos estudantis pode alavancar a carreira esportiva de atletas que só precisam do devido reconhecimento: “Tivemos um recorde de inscritos nos Junes deste ano e vamos levar para a etapa nacional, disputada em Brasília, no mês de outubro, 200 atletas universitários, de mais de 15 modalidades. Além disso, existe uma chance que esses atletas se tornem, de fato, atletas de ponto do alto rendimento, como o velocista Paulo André Camilo (que disputou as Olimpíadas de Tóquio – 2020) e os jogadores de vôlei Alison e Bruno Schmidt, que levaram o ouro olímpico nos Jogos do Rio de Janeiro, em 2016.”
O professor de educação física, Felipe Piekarz, também do Ifes de Caricica, destaca como a participação nos eventos esportivos pode fazer diferença na vida dos estudantes, quer eles joguem, quer eles torçam. “Eu entendo que o esporte é uma ferramenta muito importante, até como forma de manutenção do aluno dentro do campus. O esporte tem essa força no universo escolar, no sentido de oferecer oportunidades, como interação com outros alunos; e, a partir do momento que ele está fazendo algo que é de interesse dele, ele consegue se ver como parte de todo o processo, como parte da instituição” expõe.
Os jogos interescolares não se resumem só ao ensino médio e às universidades. Os JEES (Jogos Estudantis do Espírito Santo), estão acontecendo em diferentes regiões do estado desde abril, e vêm mostrando resultados cada vez mais positivos, despertando o interesse das crianças em se tornar atletas.
Nos JEES, crianças do ensino fundamental têm a oportunidade de participar de diversas modalidades esportivas, como atletismo, futebol, vôlei, tiro com arco e ginástica rítmica. A participação em eventos como esses vai além da simples prática esportiva; ela ensina valores fundamentais. Por exemplo, ao treinarem e competirem, as crianças aprendem a importância da disciplina, a necessidade de respeitar regras e adversários, e o valor do trabalho em equipe. Esses valores são essenciais para a formação de cidadãos responsáveis e éticos.
Para Cássio Fassarella, coordenador dos Jogos Estudantis do Espírito Santo, a expectativa para os pequenos atletas é alta. “A expectativa é de tenhamos os melhores atletas competindo para que possamos selecionar os campeões para representar bem o Espírito Santo nas Etapas Nacionais, que são os Jogos Escolares Brasileiros, que acontecerão em Recife/PE, no mês de setembro, para os atletas do Infantil(12 a 14 anos) e Jogos da Juventude, que acontecerão em João Pessoa/PB, no mês de novembro, para os atletas do Juvenil(15 a 17 anos)”, comentou.
De acordo com a Secretaria de Esportes do ES, “a competição visa também a fomentar a prática do esporte escolar com fins educativos, a possibilitar a identificação de talentos nas escolas e a contribuir para o desenvolvimento integral do aluno como ser social, com a aplicação de conhecimento e oportunidades de acesso às práticas esportivas escolares”.
Desenvolvimento físico e saúde
A prática regular de esportes promove a saúde e o bem-estar físico dos alunos. As competições incentivam os estudantes a se manterem ativos, o que é essencial para combater o sedentarismo e prevenir doenças relacionadas à falta de atividade física, como obesidade, diabetes e problemas cardiovasculares. Além disso, a prática esportiva melhora a coordenação motora, a resistência e a força muscular.
A participação em competições esportivas ensina disciplina e responsabilidade. Essa integração é fundamental para ampliar horizontes, criar novas amizades e fomentar o respeito pelas diferenças. Os alunos aprendem a seguir regras, a respeitar horários de treinos e a se dedicar para alcançar seus objetivos. Além disso, o esporte é uma excelente ferramenta para ensinar o valor do trabalho em equipe. Através das competições, os estudantes aprendem a colaborar, a confiar nos colegas e a entender a importância de cada membro para o sucesso do grupo.
Disciplina e valores sociais
As competições entre escolas proporcionam uma oportunidade única para os alunos interagirem com colegas de outras instituições. No contexto do IFES, por exemplo, a interação entre os diferentes campi ajuda a construir um senso de comunidade e pertencimento. Ao valorizar e incentivar essas atividades, as escolas contribuem significativamente para a formação de indivíduos mais completos, preparados para enfrentar os desafios da vida com confiança e competência.
Matheus também comenta a este respeito: “O esporte é também uma ótima forma de educar e, através de vínculos é possível interligá-lo a outras matérias que temos. Por exemplo, a luta antirracista está muito presente no futebol. O esporte precisa ser visto como uma verdadeira forma de educar e não como brincadeira, não falando no caso do instituto federal, mas sim falando em um contexto de Brasil, de mundo; o esporte pode quebrar barreiras de aprendizado.”
