Por Sabrina Ruela (sabrina@es365.com.br)
A tão esperada ferrovia EF-118, que promete ligar o Sul do Espírito Santo ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro, ainda enfrenta uma série de obstáculos que adiam o início de sua construção, causando preocupação tanto entre os moradores da região quanto entre especialistas em logística e infraestrutura. A ferrovia, que tem como um dos principais objetivos melhorar a infraestrutura de transporte industrial da região e gerar novos empregos, encontra-se em um momento crucial, mas seu avanço tem sido mais lento do que o inicialmente planejado.
O projeto de 575 km de extensão, dividido em duas fases, visa conectar a cidade de Cariacica, no Espírito Santo, a Presidente Kennedy, no mesmo estado, e prosseguir até o Porto do Açu, em São João da Barra-RJ. A primeira fase da obra compreende cerca de 170 km de trilhos entre Anchieta e São João da Barra, enquanto a segunda fase envolve a construção de 405 km entre o Porto do Açu e Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

Embora tenha sido anunciado em 2023 com grande entusiasmo pela potencial geração de empregos e pela melhoria da logística da região, o andamento do projeto está longe de ser o esperado. A Vale, responsável pela construção de parte do trecho, entregou o projeto básico de engenharia ao governo federal em julho de 2024 e deveria ter dado início ao pedido de licenciamento ambiental ainda no começo do ano passado. No entanto, ainda não há uma previsão exata para o início das obras, que, segundo o cronograma anterior, deveriam começar no segundo semestre de 2025.
A expectativa era de que o projeto fosse aprovado e tivesse seus trâmites de licenciamento ambiental resolvidos com mais agilidade. Contudo, até o momento, não há informações claras sobre os motivos que têm causado o atraso nas licenças necessárias para dar início à construção da ferrovia.
“Esse atraso é extremamente preocupante. A região precisa dessa obra para impulsionar o desenvolvimento econômico desde de Cariacica até Presidente Kennedy e melhorar a logística de transporte de cargas, especialmente em um estado em que a indústria tem tanta dependência do transporte rodoviário”, comentou um especialista em logística, que, por sua escolha, preferiu não ser identificado.
Impactos Econômicos da Ferrovia EF-118
Em Anchieta, Mateus Vettoraci, Secretário Municipal de Integração, Desenvolvimento e Gestão de Recursos contou ao ES365 como a Ferrovia será de grande importância para o município e para as cidades próximas, até mesmo para outros estados. Acompanhe a seguir:
PORTAL ES365: Quais são as expectativas da Prefeitura quanto aos impactos do projeto EF-118 em termos de geração de empregos e aumento de infraestrutura local?
MATEUS: A Ferrovia EF-118 é um projeto estratégico que visa conectar as regiões de Cariacica, ES, e Rio de Janeiro por meio de uma linha férrea moderna e eficiente. O trecho em Anchieta, ES, prevê em seu projeto ligar o terminal portuário do Porto de Ubu à rede ferroviária nacional, possibilitando o escoamento de produtos para todo país. Esse Projeto está em fase de Estudos na Agência Nacional de Transportes Terrestres e, a fase atual está sendo a realização de Audiências Públicas programadas para janeiro de 2025 no nosso Estado. Após, análise do Tribunal de Contas da União, seguidos do Edital, Leilão de Projeto até a efetivação do contrato.
Sobre os atrasos da vale em caminhar com as obras, como a Prefeitura está lidando com a necessidade de parceria ou cooperação com a Vale para garantir que o projeto da ferrovia beneficie diretamente o município?
Com certeza, os impactos da efetivação desse grande empreendimento serão de importância estratégica para o desenvolvimento econômico do Município de Anchieta e de toda nossa região. Além disso, espera-se que com a logística eficiente e com uma infraestrutura moderna da Ferrovia EF-118 e consequentemente do Porto de Ubu, localizado em nosso Município, irão atrair novas indústrias, criando novas oportunidades de negócios e crescimento. Espera-se grandes impactos no Desenvolvimento Econômico de Anchieta, pois a construção da Ferrovia EF-118 e a modernização do Porto de Ubu irão gerar um crescimento econômico significativo para Anchieta, com empregos diretos e indiretos em diversos setores, como construção, logística, transporte e serviços.
Como a Prefeitura está se preparando para lidar com o aumento de fluxo de pessoas e veículos que a construção da ferrovia pode trazer para a cidade?
A Ferrovia deverá contemplar o transporte de passageiros, com isso, conectando pessoas de diferentes regiões, aumentando assim, o fluxo turístico no Município de Anchieta, especialmente nas praias, atrações culturais e o turismo religioso, estimulando melhorias na infraestrutura local, como hotéis, restaurantes e serviços turísticos, bem como a valorização imobiliária. Assim sendo, espera-se benefícios bem significativos para as empresas locais, que terão acesso a novos mercados e, com a esperada modernização do Porto de Ubu, muitos milhares de empregos também serão gerados na construção, operação e manutenção, o que aumentará a renda da população, gerando assim, o crescimento econômico também nas áreas de serviços e produtos, e, consequentemente a melhoria do padrão de vida da população local, que deverão estar alinhados a um desenvolvimento sustentável da região, com foco em práticas ecologicamente corretas.

Conexão Estratégica
A construção da EF-118 representa um marco crucial para o desenvolvimento econômico da parcela sul do Espírito Santo, impactando positivamente tanto a infraestrutura local quanto a conexão estratégica do estado com o Porto do Açu, um dos maiores portos privados do Brasil. Com grandes expectativas da população local, a esperança é de que as etapas burocráticas, como a liberação das licenças necessárias, avancem rapidamente, permitindo que as obras tenham início em breve e tragam os benefícios esperados para a região e para o país.
O governo estadual está envolvido principalmente na articulação para garantir as licenças ambientais e os estudos de impacto necessários, além de apoiar a obra com recursos e facilidades burocráticas. A ferrovia é considerada um projeto essencial para a infraestrutura de transportes no Espírito Santo, e o governo se insere na viabilização do projeto, incluindo a negociação com o governo federal, órgãos reguladores e privados para que o investimento seja concretizado.
Além disso, a Secretaria de Estado da Desenvolvimento (Sedes-ES) e a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Sinfra-ES) são responsáveis por coordenar as ações do estado para dar suporte às etapas de planejamento, licenciamento e execução do projeto. Segundo informações disponíveis no site do Governo do ES, as secretarias têm trabalhado para garantir que as obras de infraestrutura, como a EF-118, acompanhem a demanda por desenvolvimento econômico e de transporte na região. Após tentativas de contato com a Secretaria de Desenvolvimento, o Portal ES365 não obteve retorno.
É preciso que a população e todos os envolvidos na obra também estejam atentos aos impactos sociais e ambientais, garantindo que o processo de construção siga as regulamentações ambientais e buscando minimizar possíveis efeitos adversos nas comunidades das cidades ao redor da futura ferrovia. Com um impacto econômico significativo, a obra é vista como um projeto de infraestrutura fundamental não apenas para o Espírito Santo, mas para a conexão entre os estados e os Portos do Açu e de Ubu.
O Portal ES365 tentou contato com a assessoria de imprensa da Vale para obter esclarecimentos sobre o andamento do projeto, mas até o fechamento desta matéria não foi divulgada nenhuma informação adicional.