Por Sabrina Ruela (sabrina@es365.com.br)
Anchieta, no Espírito Santo, carrega uma história rica que reflete a transformação do Brasil colonial. Segundo a Prefeitura Municipal de Anchieta, data exata da fundação da cidade é incerta. Alguns historiadores falam em 1561, outros em 1567 e outros em 1569 (construção da Igreja), mas todos são unânimes ao afirmar que o dia da fundação da cidade foi 15 de agosto. A cidade inicialmente se chamava Reritiba, nome indígena que significa “lugar de muitas ostras”, em referência à abundância do molusco na região, evidenciando a relação íntima dos povos originários com a natureza. Sob a liderança dos jesuítas, Reritiba tornou-se uma vila e um importante centro de catequização e integração cultural.
Com o passar do tempo, o cenário político e administrativo da região mudou. Em 1887, a aldeia foi elevada à categoria de vila e recebeu o nome de Benevente, inspirado no rio que corta o município. Essa mudança simbolizava a transição da identidade local, de raízes indígenas para um modelo alinhado aos interesses da colonização portuguesa.
Finalmente, em 1921, a vila passou a ser chamada Anchieta, em homenagem ao padre jesuíta que dedicou grande parte de sua vida à evangelização e à educação na região. José de Anchieta foi canonizado em 2014, reafirmando sua importância não apenas para o município, mas também para o Brasil.
O município celebra um feriado em 2 de dezembro, instituído em memória do reconhecimento oficial da vila como cidade, consolidando seu lugar na história capixaba. Embora Reritiba tenha sido a origem de tudo, o período como Vila Benevente é mais lembrado, pela força das transformações econômicas e sociais vividas nesse período.
Por que 02 de dezembro é feriado em Anchieta?
O dia 2 de dezembro é celebrado em Anchieta, Espírito Santo, como uma data histórica e significativa, marcando a instalação oficial da cidade em 1887. Essa comemoração remonta ao momento em que a antiga Vila de Benevente foi elevada à categoria de cidade, recebendo o nome de Anchieta em homenagem ao Padre José de Anchieta, figura central na história da região.
A transformação de Benevente em cidade foi formalizada pela Lei Provincial nº 6, de 12 de agosto de 1887. Posteriormente, no dia 2 de dezembro do mesmo ano, a Câmara Municipal registrou em ata a instalação da nova cidade, consolidando a mudança e dando início a uma nova fase na história do município.
Esse processo histórico teve início ainda no período colonial, em 8 de maio de 1758, com o Alvará do Rei D. José I, que ordenou a criação da Vila Nova de Benevente. Nos anos seguintes, foram realizadas importantes ações para a organização da vila, como a instalação da Casa da Câmara, o delineamento da praça, a ereção do pelourinho e a demarcação das terras, sob a liderança de Dr. Francisco de Sales Ribeiro em 1761.
Neste ano, pela primeira vez, o dia 2 de dezembro é reconhecido como ponto facultativo em Anchieta, um feriado para os moradores aproveitarem, e uma ocasião para celebrar a trajetória histórica da cidade e sua importância cultural e religiosa.

Maria José dos Santos Cunha, historiadora, doutora em Teoria Jurídico Política e Relações Internacionais, em contato com o Portal ES365, fala mais da história da cidade e como essas transformações ao longo de sua existência influenciaram no desenvolvimento socioeconômico de Anchieta:
“No século XVIII, não foi só Reritiba que se tornou vila. Foi um movimento que começou no Maranhão e no Pará e se estendeu ao resto do país. O objetivo era desenvolver economicamente o Brasil e tirar os índios que estavam debaixo da administração dos jesuítas e outras ordens religiosas. Não era qualquer aldeia que recebia o Estatuto de Vila, afinal isso é um ato político, uma manobra; As aldeias escolhidas foram aquelas que tinham maior número de habitantes, economicamente lucrativas”, comentou a historiadora. “O Espírito Santo teve a emancipação de duas aldeias indígenas, a antiga aldeia de Reis Magos, que depois se tornou Vila de Nova Almeida, e Reritiba, que se tornou município de Vila Nova de Benavente. Elas partem de uma condição igual, porém a evolução socioeconômica dos dois municípios foi completamente diferente. A Vila Nova de Benavente não só emerge como vila, como, no final do século, ela tem condição de ser reconhecida como cidade”, conta Maria.
Cidade Símbolo
Anchieta não é apenas uma cidade, mas um símbolo da história capixaba. Da simplicidade de Reritiba, com suas raízes indígenas, ao desenvolvimento como Vila Benevente e à homenagem a José de Anchieta, o município carrega em cada nome e fase de sua história uma rica narrativa de transformação. Hoje, continua a ser um ponto de encontro entre tradição e modernidade, oferecendo um espaço onde o passado é celebrado e o futuro é construído. Quem visita Anchieta não encontra apenas paisagens deslumbrantes, mas também uma memória viva que nos conecta às origens do Espírito Santo e do Brasil.
Hoje, Anchieta equilibra suas heranças culturais com o desenvolvimento turístico, oferecendo desde um rico patrimônio histórico, como o Santuário Nacional de São José de Anchieta, até belezas naturais, incluindo praias e montanhas. Essa mistura faz de Anchieta um destino especial, onde o passado se encontra com o presente em cada esquina.
