Por Instituto Reritiba
O Instituto Reritiba e Ifes-Campus Piúma visitaram, no dia 20 de novembro, dois manguezais na cidade de Guarapari-ES, localizados na zona estuarina dos rios Una e Perocão, na região de Santa Mônica. A atividade teve como objetivo observar as condições ambientais de diversas regiões do manguezal na área para levantar dados que possam subsidiar futuras ações de conservação e estudos sobre a biodiversidade costeira.
O Prof. Dr. Marlon C. França, coordenador do Laboratório de Oceanografia e Clima (LAOC) e líder do Grupo de Pesquisa de Sedimentologia e Dinâmica Ambiental (SEED) do Ifes-Campus Piúma, destacou a relevância da atividade: “Esta visita técnica foi de extrema importância para visualizarmos as diferentes regiões do manguezal e entendermos os desafios ambientais. Além disso, foi uma oportunidade de envolver nossos pesquisadores e colaboradores em experiências práticas que contribuirão para a formação de profissionais altamente qualificados e sensíveis às questões ambientais”, pontuou.
Dr. França, reconhecendo o relevante trabalho do Instituto Reritiba em ações voltadas à preservação e recuperação de paisagens, bem como no combate à degradação ambiental, convidou a equipe do Reritiba para participar da visita aos manguezais, juntamente com a estudante de doutorado, Kimberley Westby, da Universidade Federal de Juiz de Fora-MG.
Nesse contexto, o Reritiba tem se destacado em iniciativas de conservação, preservação, recuperação, monitoramento, compensação e educação ambiental, promovendo práticas que aliam conhecimento científico e ações práticas de sustentabilidade. A colaboração de acadêmicos e sociedade civil organizada, reforça a relevância do Instituto Reritiba como um parceiro estratégico na proteção de ecossistemas costeiros, comoo os manguezais, e evidencia o papel compartilhado de ambos os institutos na busca por soluções para os desafios ambientais.
Kimberley Westby, natural de Belize, país da América Central, está realizando sua pesquisa de doutorado em parceria com o Ifes-Campus Piúma. Sua pesquisa é voltada para a conservação dos ecossistemas costeiros e a manutenção da biodiversidade. Durante a visita, ela comentou sobre a situação alarmante encontrada nos manguezais de Guarapari: “Encontramos ecossistemas degradados, ausência de peixes, caranguejos mortos, água contaminada com óleo, lixo e resíduos de esgoto. Esses dados evidenciam um grave descuido com o ambiente e ressaltam a necessidade de medidas urgentes para proteger e conservar os manguezais, que são fundamentais para a segurança alimentar e para mitigar os impactos das mudanças climáticas”, afirmou a doutoranda.
Os manguezais desempenham um papel essencial na proteção da linha costeira, estabilização do solo e como habitat para diversas espécies. Sua degradação, como observado em Guarapari, coloca em risco tanto a biodiversidade quanto as famílias que dependem dos recursos pesqueiros para sobreviver.
A situação dos manguezais de Guarapari é muito preocupante, e os dados levantados durante a visita técnica reforçam a urgência de ações que envolvam tanto a recuperação ambiental quanto a implementação de políticas públicas para evitar novos danos.
Kimberley acrescentou: “Espero que este trabalho ajude a fortalecer o cuidado com o meio ambiente e a conscientizar as comunidades sobre a importância de valorizar e preservar os manguezais”, completou.
Os integrantes do Instituto Reritiba, Maria José dos Santos Cunha e Dhyovaine Nascimento, constataram os graves impactos da pressão humana sobre os manguezais. Em diversos pontos, essa interferência resulta na morte completa das espécies, esgoto a céu aberto, criadouros de larvas de mosquitos transmissores de várias doenças, corte intencional da vegetação de mangue, descarte irregular de lixo, aterros ilegais e a presença alarmante de excesso de óleo na água.
Segundo Maria José, “a ação antrópica tem contribuído de forma significativa para o assoreamento da região, comprometendo severamente o equilíbrio ambiental. A intervenção humana tem alterado profundamente as funções naturais desses ecossistemas, colocando em risco tanto a população quanto o meio ambiente”, destacou.
Além disso, Maria José afirma que “os manguezais deixaram de ser criatórios vitais para várias espécies marinhas, muitas delas consumidas pelas comunidades locais. Isso compromete não apenas a biodiversidade, mas também a segurança alimentar de famílias que dependem desses recursos para sobreviver. Preservar os manguezais é, antes de tudo, uma questão de equilíbrio ambiental e sobrevivência”, reforçou.
Para Dhyovaine Nascimento, “os manguezais deveriam atuar como absorvedores e filtradores de grandes volumes de água, prevenindo enchentes, porém não conseguem mais cumprir essa função essencial devido à intensa degradação causada pela ação humana. Esses ecossistemas têm a capacidade única de reter grandes quantidades de água das chuvas, funcionando como reguladores naturais contra alagamentos e enchentes em áreas urbanas e costeiras. No entanto, o desmatamento, o descarte de lixo, a poluição e o aterramento dessas áreas estão inviabilizando essa função vital”, comentou.
Dhyovaine ressalta ainda que “em várias cidades ao redor do mundo, o papel dos manguezais como barreiras naturais tem sido amplamente reconhecido e priorizado em iniciativas de conservação e recuperação. Países como Indonésia, Filipinas e México têm investido em projetos para restaurar esses ecossistemas devido à sua capacidade de mitigar enchentes, proteger áreas costeiras contra tempestades e reduzir os danos causados por eventos climáticos extremos, como tsunamis e furacões. Essas ações são exemplos concretos de como o cuidado com os manguezais pode prevenir desastres e salvar vidas, enquanto aqui, na nossa região, estamos caminhando na direção contrária”, ressaltou o integrante do Reritiba.
Essa realidade exige uma mobilização imediata para preservar e restaurar os manguezais, reconhecendo seu papel indispensável como filtros naturais, criatórios de biodiversidade e protetores contra desastres ambientais.
Portanto, ao final da visita, ficou claro que, sem ações concretas de recuperação e preservação, o impacto ambiental continuará afetando diretamente tanto a vida das pessoas quanto o funcionamento dos ecossistemas, criando um ciclo de degradação com consequências cada vez mais graves.
Assim, a iniciativa reforça a importância de monitorar e compreender as condições dos manguezais no Espírito Santo, promovendo uma base científica sólida para soluções que garantam a sustentabilidade ambiental da região.






