Videografias de mulheres surdas e cegas chegam aos cinemas de Vitória

Um coletivo composto por mulheres, cegas, surdas e ouvintes-videntes apresenta ao público a mostra de videografia contemporânea ‘Nada Me Falta’. A exibição acontece em Vitória e ganha espaço no Cine Jardins, no nesta quarta-feira (31), e no Cine Metrópolis, na quinta-feira (1º), com entrada gratuita. Quinze vídeos compõem a mostra de 30 minutos, que alterna ações filmadas em locações externas com testemunhos de vida.

Doze mulheres surdas e cegas foram selecionadas pela diretora Rejane Arruda em dezembro de 2023 por meio de um workshop. A partir de então, as nove cegas e as três surdas escolhidas se dedicaram a um processo de criação que durou quatro meses.

A partir da ideia de integração entre as diferentes formas de ver, ouvir e se comunicar, foram exploradas ações performativas em cenários da Grande Vitória, como a pedreira de Maruípe, a praia da Barra do Jucu, um parque de diversões, além de ruas e casas de bairros da Região Metropolitana onde vivem as mulheres.

Uma realização da Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil), em parceria com a Cia Poéticas da Cena Contemporânea, a mostra Nada Me Falta tem patrocínio da empresa Transportadora Associada de Gás TAG e apoio do Governo do Estado, com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secretaria da Cultura (Secult).

Cultura, linguagem e identidade em debate

A videografia de “Nada Me Falta” debate a linguagem, dispositivos de subjetivação e a integração por meio da cultura. Em “Mão com Mão”, Ester Correia, uma mulher surda, ensina a Língua Brasileira de Sinais para Cinthya de Oliveira, mulher cega, por meio da Libras Tátil. Já “Tecla Espaço”, mostra a importância da difusão da escrita em Braille. “Os Dedos da Nona” apresenta a cultura da música como um dos instrumentos possíveis para a transposição de barreiras linguísticas, quando a mulher cega Geovana Santos adivinha a 9ª Sinfonia de Beethoven tocada em seu corpo pela surda Leidiane Dias.

A mostra traz ainda um painel diverso de histórias de vida e identidades. Enquanto em “Meu Primeiro Grande Amor”, Eusilane Lopes, testemunha uma relação homoafetiva de dezesseis anos, “Calma Doido!” revela a procura de um companheiro pela mulher cega Alice Dordenoni por meio de sites na internet. Em “Caimento”, a cantora Maria Trancoso conta detalhes de sua relação com o cuidar-se. Cinthya de Oliveira, cega total de nascença, vive fortes emoções em uma montanha russa na videografia “Só Doidera”. O trabalho apresenta realidades e contextos diversos de vida, com marcas de identidade fortes.

Após a pré-estreia da mostra no Cine Jardins, nesta quinta-feira (31), haverá um bate-papo com as artistas participantes. Na quinta-feira (1º) haverá a estreia no Cine Metrópolis e o lançamento no site www.nadamefaltadigital.com. A organização do evento também promove, na ocasião, o debate “Arte como Afirmação de Identidades”, que conta com a presença da pesquisadora em Educação, Cultura e Subjetividades, professora da UEMG, Maria Carolina de Andrade Freitas.

Workshop de criação de vídeo

A partir da experiência dos encontros para a produção das videografias do ‘Nada Me Falta’, a Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) desenvolveu o workshop de criação de vídeo, que está com inscrições abertas para qualquer pessoa interessada em participar.

O workshop será realizado no dia 1º de agosto, às 14 horas, no Cine Metrópolis, antes da mostra artística que começa às 19h30. As inscrições devem ser realizadas a partir do formulário disponível no link da bio do perfil no Instagram @nada.me.falta.

Arte e inclusão

O nome um tanto provocativo da mostra – ‘Nada Me Falta’ – indica formas diversas de viver, interrogar e apreender o mundo. “É isso que os 15 vídeos que compõem a mostra pretendem evidenciar: a diferença é o eixo que funda a nós como seres humanos. ‘Nada Me Falta’ a mim mulher surda porque posso escutar com a Língua Brasileira de Sinais; ‘Nada Me Falta’ a mim, mulher cega, porque posso olhar de outros modos”, reflete Rejane Arruda.

A Associação Sociedade Cultura e Arte (SOCA Brasil) se tornou referência em arte e inclusão desde que iniciou os trabalhos da Escola de Fotógrafos Cegos, em agosto de 2022.

Outras duas realizações da SOCA Brasil – ‘Orquestra Brasileira de Cantores Cegos e o Cena Diversa’ – reafirmam que “a deficiência acolhida pela arte se revela potência”, jargão proferido por Rejane Arruda, artista residente no Espírito Santo que preside a associação e dirige a Cia Poéticas da Cena Contemporânea, coletivo parceiro da SOCA nas atividades de inclusão.

Pré-estreia da Mostra “Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação”

Cine Jardins

31/07 (quarta-feira), às 19h30

Duração: 28 minutos

Em seguida, bate-papo com as artistas participantes.

Cine Metrópolis

1º/08 (quinta-feira), às 19h30

Duração: 28 minutos

Em seguida, Debate “Arte como Afirmação de Identidades”

Redes Sociais:

Nada Me Falta: Videografia de Mulheres Surdas, Cegas e Ouvintes-videntes em Interação

https://www.instagram.com/nada.me.falta

Canal Youtube: https://www.youtube.com/@nadamefalta.videografias

SOCA Brasil (Instagram): https://www.instagram.com/socabrasil/

Informações do Governo do ES

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