Dovato: novo medicamento para HIV chega ao SUS e simplifica tratamento

Pílula única reúne dois antirretrovirais e promete aumentar a adesão ao tratamento, marcando um avanço significativo na luta contra o HIV.

O Ministério da Saúde concluiu a distribuição das primeiras unidades do medicamento Dovato, uma inovadora combinação de dois antirretrovirais eficazes para pacientes com HIV ou aids: dolutegravir 50mg + lamivudina 300mg. Numa iniciativa que pode revolucionar o tratamento da doença, foram entregues aos estados e ao Distrito Federal um total de 5,6 milhões de unidades desse novo medicamento.

Anteriormente, o tratamento do HIV envolvia a administração de combinações de vários medicamentos de diferentes classes, com o objetivo de suprimir eficazmente o vírus e retardar a progressão da doença. No entanto, com o lançamento do Dovato, os pacientes agora têm a oportunidade de adotar uma terapia mais simples, consistindo em apenas uma dose diária.

A Dra. Ana Carolina D’Ettorres, especialista em infectologia, destaca o avanço proporcionado por esse medicamento, que combina o dolutegravir e a lamivudina num único comprimido, simplificando assim o regime de tratamento. Ela observa que, no início da epidemia de HIV, as pessoas eram obrigadas a ingerir mais de dez substâncias diferentes todos os dias. “A incorporação do Dovato ao SUS representa um grande avanço, uma vez que além de ser altamente eficaz, com efeitos colaterais raros, oferece a comodidade de ser administrado em apenas uma tomada diária”, acrescenta a especialista.

Essa simplificação do tratamento visa a minimizar os riscos de efeitos colaterais, como lesões renais e osteoporose, que podem ser associados ao tenofovir. É fundamental que um médico avalie se o paciente é um candidato adequado a esse regime, levando em consideração seu histórico e sua condição clínica atual.

Embora ainda não exista uma cura para a Aids, o tratamento com antirretrovirais proporciona estabilidade ao vírus do HIV, prevenindo o desenvolvimento da doença ou retardando significativamente sua progressão. Isso também ajuda a evitar infecções secundárias e complicações.

De acordo com a Dra. Ana Carolina, uma pessoa com HIV que segue regularmente o tratamento tem uma expectativa de vida semelhante ou até mesmo superior à da população em geral. Os tratamentos disponíveis pelo SUS garantem que as pessoas com HIV possam viver uma vida sem limitações, desde que sigam o tratamento de forma adequada.

Recentes avanços na área de tratamento reforçam a possibilidade de maior adesão ao tratamento. Além do Dovato, outra inovação é o cabotegravir, a primeira medicação injetável para profilaxia pré-exposição (PrEP) no Brasil. Aprovada pela Anvisa, essa medicação tem a função de prevenir infecções em pessoas não infectadas pelo HIV, embora ainda não esteja prevista sua inclusão no SUS.

A Dra. Ana Carolina enfatiza a importância de as pessoas buscar orientações com um médico de confiança para esclarecer todas as dúvidas e superar estigmas relacionados aos medicamentos de tratamento do HIV. “Atualmente, temos medicamentos modernos, com raros efeitos colaterais, que podem ser administrados uma vez ao dia e estão disponíveis pelo SUS. Uma conversa franca e sem preconceitos com seu médico pode desmitificar muitas ideias ultrapassadas e garantir uma excelente qualidade de vida para quem vive com HIV”, destaca a infectologista.

Os dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids da Coordenação Estadual de IST/Aids da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo mostram um aumento de 60% nos casos diagnosticados entre 2011 e 2021. Observa-se um aumento de 50% na taxa de detecção de Aids em homens e mulheres de todas as idades, especialmente entre os jovens de 20 a 59 anos.

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