ES em chamas: A luta por proteção ambiental e contra a irresponsabilidade humana

Por Sabrina Ruela (sabrina@es365.com.br)

Nos últimos dias, o Espírito Santo e o Brasil têm sido palco de queimadas preocupantes. A última semana trouxe mais 1000 focos de incêndio por dia em todo o território nacional. No ES, infelizmente, não tem sido diferente. Segundo o Corpo de Bombeiros (CBMES), mais de 90 incêndios foram registrados no estado; As chamas, alimentadas pelo tempo seco e a falta de chuvas, vêm causando estragos na fauna e na flora dessas regiões, deixando moradores e ambientalistas em alerta.

Além dos danos visíveis, a destruição do meio ambiente gera consequências a longo prazo, como a perda de biodiversidade e o agravamento do aquecimento global. Entenda mais sobre o impacto desses incêndios e como o Espírito Santo tem lidado com essa situação.

Espírito Santo em chamas

Segundo o Corpo de Bombeiros do ES, só entre Janeiro e Agosto deste ano, 2.331 ocorrências foram atendidas pela corpo de segurança; o número se aproxima preocupantemente do registrado durante o ano de 2023 completo (2.764).

Incêndio florestal – Foto de Corpo de Bombeiros do ES

Com equipes dedicadas e tecnologia especializada, os bombeiros estão na linha de frente para controlar os focos de incêndio e queimadas florestais e evitar que a destruição se espalhe ainda mais. Em contato com o Portal ES365, o CBMES destacou os desafios enfrentados durante esse período crítico e as medidas adotadas para conter os danos ambientais e proteger as comunidades atingidas.

“As práticas de queimadas são proibidas, devido ao período de estiagem, de maio a outubro, em que o fogo foge facilmente do controle. Uma queima irregular pode provocar grandes incêndios, resultando em danos à fauna e à flora, perda de bens materiais, transtornos produzidos pela fumaça trazendo sérios danos à saúde, causar acidentes, e até perdas de vidas humanas”, respondeu a instituição.

A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) também participa do combate aos incêndios criminosos, de forma judicial. Diante do cenário receoso, é importante que haja a ação por parte dos órgãos públicos para a garantia da proteção ao meio ambiente.

“As queimadas ilegais resultam em multa e pena que pode chegar a 4 anos de detenção, que podem ser agravados pelos danos provocados a fauna, pelas consequências do incêndio e o local em que ocorreu o incêndio. Quando nenhuma medida preventiva é eficiente, faz-se necessário à adoção de uma Ação legal, as quais obrigam o homem a acatar e agir preventivamente e punindo se necessário. Essa ação deve ser complementada pela fiscalização.”, frisou a Sesp.

Veja mais sobre medidas de proteção ao meio ambiente

Floresta de pé: ar nos Pulmões

Na quinta-feira (12), o Parque Paulo Cesar Vinha em Setiba, Guarapari, foi atingido por um incêndio, levando à sua interdição. Em Pedra Azul, o mesmo aconteceu no domingo (15), também ficando fechado até terça (17). Em Marechal Floriano, um homem foi preso por iniciar uma queimada; isso tudo além dos mais de 100 pontos de desmatamento ilegal no Caparaó (dados de Idaf).

Bombeiros em local após apagar queimada – Foto de CBMES

É sempre importante destacar que, apesar da grande quantidade de incêndios criminosos em todo o país, muito da ação humana também ajuda a proteger nossas reservas florestais. A educação ambiental e o preparo para lidar com épocas de seca são imprescindíveis para que haja no nosso estado uma agricultura familiar responsável e não predatória.

O Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf), falou, através de sua assessoria, sobre algumas das ações desenvolvidas pelo Instituto para que se tenha a garantia da responsabilidade de cada um pela natureza que o cerca:

“O Idaf possui uma gerência de educação ambiental, que realiza diversas ações com palestras em escolas e nas comunidades, além do trabalho de material para as redes sociais e impressos. O Instituto também monitora toda vegetação do Estado em tempo real, através do sistema Brasil Mais, gerenciado na Central de Monitoramento do Idaf”. Como comenta também o instituto, o monitoramento é inclusive necessário para se garantir a conservação das APA’s (Áreas de Proteção Ambiental).

Ambientalistas pelo Meio Ambiente

Luiz Fernando Schettino, Engenheiro Florestal de Doutor em Ciência Florestal, comentou sobre como a as políticas públicas precisam estar trabalhando em conjunto com a população, para que o meio ambiente seja preservado e haja educação ambiental.

“As políticas públicas atuais estão de alguma forma ajudando, mas o que vai resolver de fato isso é uma mudança de mentalidade. Para além dos instrumentos atuais, tem que haver um grande trabalho, um esforço de integração das ações entre município, Estados e Governo Federal, entre as instituições, e fundamentalmente um trabalho sólido, profundo de educação ambiental”, frisa.

Luiz Fernando Schettino – Foto de Ufes

Luiz também salienta a necessidade de haver punições severas para quem comete crimes contra o meio ambiente: “É preciso um endurecimento das penas contra danos ambientais, porque se hoje muita gente que coloca fogo, degrada o ambiente é porque têm a certeza que nada lhes acontecerá. As multas não são pagas, as pessoas não vão para a cadeia e não são obrigadas a recuperar o meio ambiente”, enfatiza.

Para combater essa prática, é fundamental que os responsáveis enfrentem punições severas, conforme previsto na legislação. Penalidades mais rígidas não só servem de exemplo, como ajudam a frear atitudes irresponsáveis, protegendo o meio ambiente e preservando as áreas verdes do estado. “Esse é o quadro que tem que mudar, os instrumentos atuais não são suficientes ainda, por isso devem ser tomadas atitudes firmes, esquecer a questão política agir pensando nas futuras gerações”, comenta Luiz.

Luiz Schettino destacou que o problema que existe no setor público não é um abandono, mas um desaparelhamento. “Houve um desaparelhamento, creio eu, historicamente dos estados, além em de a nível nacional e municipal. Hoje há muitos municípios que fazem coisas boas, que querem tratar a questão ambiental, que tratam de maneira adequada, mas tem outros muitos estão muito longe ainda do que é necessário. O caminho é educar, fiscalizar e punir quem está fazendo coisa errada, mas com estrutura, apoio, recursos e atitude política”, finaliza.

Bombeiros combatendo incêndio florestal – Foto de Corpo de Bombeiros do ES

E se eu vir um incêndio acontecer?

Ao avistar fumaça suspeita ou foco de incêndio em mata, avise imediatamente o Corpo de Bombeiros (193) ou contate a Defesa Civil de seu município.

  • Informe também seus vizinhos.
  • Ao contatar os órgãos de emergência:
    • Mantenha a calma.
    • Informe a localização precisa da ocorrência, os pontos de referência e dicas de como chegar ao local.
  • Se possível, forneça as coordenadas geográficas do incêndio.
    • Responda com calma às perguntas do atendente.
    • Deixe seus contatos, caso seja necessário obter mais informações sobre a ocorrência.
  • Evite divulgar ou compartilhar informações incompletas ou não confirmadas
    em redes sociais ou aplicativos de comunicação instantânea.
  • Conteúdos impróprios ou insuficientes podem gerar pânico desnecessário e comprometer os trabalhos das equipes de emergência.
  • Avalie todas as informações sobre a situação do incêndio antes de divulgar ou compartilhar conteúdos.
  • Verifique se os órgãos de emergência foram acionados, se há equipes de
    combate no local e a situação real do incêndio.
  • Somente enfrente um incêndio caso tenha treinamento, preparo e
    equipamentos adequados.
  • Nunca tente combater um incêndio florestal sozinho.
  • Siga as instruções do Corpo de Bombeiros ou da Defesa Civil.
  • Se possível, tire fotos ou faça vídeos do incêndio e do combate ao fogo e guarde o material. Ele será útil posteriormente.

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