Uma pesquisa inédita, conduzida pelo instituto Ipsos e encomendada pela biofarmacêutica Takeda, com a colaboração da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), entrevistou 2 mil brasileiros – dos quais 43% são da região Sudeste do país – para entender as percepções sobre a dengue, a vacinação em geral e sobre a doença. Os resultados mostram que 86% das pessoas da região veem a vacinação contra a dengue como uma medida eficaz de prevenção, mesmo diante da ampla exposição a fake news, especialmente nas redes sociais.
A população do Sudeste se destaca pelo alto nível de engajamento com o tema da dengue, com 81% afirmando buscar informações sobre a doença, acima da média nacional de 76%. Além disso, 66% já ouviram falar sobre a vacinação contra a dengue, uma proporção ligeiramente superior à média nacional(64%). Apesar do interesse elevado por campanhas de vacinação em geral (64% contra 59% do total nacional) e informações sobre vacinas nas redes sociais (52% versus 50%), o Sudeste registra o maior índice de medo em relação às vacinas em geral, com 31% da população expressando essa preocupação, frente a 29% da média nacional.
Ao serem perguntados se receberam alguma fake news ou desinformação sobre vacinas em geral por diferentes canais – internet, redes sociais, WhatsApp, amigos ou familiares, imprensa -,75% dos entrevistados do Sudeste afirmaram já terem sido impactados por esse tipo de conteúdo, índice maior em relação à população geral, que foi de 74%.
“A pesquisa demonstra que, apesar do aumento da conscientização sobre os riscos da dengue, muitos brasileiros ainda enfrentam barreiras para se vacinar devido ao impacto das fake news, que atingem 42% dos entrevistados da região Sudeste relatando o recebimento de informações falsas sobre vacinas em geral pelas redes sociais”, afirma Juliana Siegmann, pesquisadora do Ipsos. “Esse dado ressalta a importância de um acesso qualificado à informação”.

Hesitação por desinformação
Apesar do alto índice de confiança nas vacinas, o estudo revelou que a circulação de fake News impacta diretamente as decisões sobre a vacinação em geral:
- 42% dos participantes relataram ter recebido informações falsas sobre vacinas nas redes sociais.
- Quase 30% já deixaram de se vacinar ou recomendaram que outros não se vacinassem devido a dúvidas sobre segurança e eficácia.
- 11% decidiram não se vacinar por causa de informações recebidas online ou de amigos e parentes.
- 17% não mudaram de opinião, mas ficaram na dúvida por causa das informações recebidas.
Em contrapartida:
- 92% prestam atenção nas campanhas de vacinação.
- 89% acreditam que as vacinas em geral trazem benefícios.
- 96% dizem verificar a veracidade das informações sobre vacinas.
O presidente da SBI,Alberto Chebabo, analisa que “a alta taxa de confiança na vacinação é um passo importante na luta contra a dengue, mas precisamos combater a desinformação que ainda desencoraja uma parcela significativa da população a levar o público elegível para receber a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Impacto nas redes sociais
A pesquisa também avaliou os sentimentos despertados pelas informações sobre vacinas em geral nas redes sociais entre os entrevistados do Sudeste:
- 75% afirmam que as informações trouxeram sentimentos positivos, como confiança (42%), tranquilidade (37%) e otimismo (34%). Além disso, mais da metade (52%) ficou interessada no tema.
- No entanto, 25% sentiram-se negativamente impactados, relatando ansiedade (17%), desconfiança (14%), medo (13%)e confusão (11%).
- Fontes de recebimento de informação sobre vacinas: TV (60%), redes sociais (52%) e postos de saúde (50%).
- Plataformas mais buscadas: Instagram (68%), WhatsApp (58%), YouTube (48%) e Facebook (48%).
- Fake news mais comuns sobre dengue: eficácia da vacina, gravidade da doença, curas milagrosas e informações incorretas sobre formas de contágio.
- 66% ouviram falar sobre alguma vacina contra adengue.
- 86% acreditam que a vacinação contra a dengue é eficaz para prevenir a doença.
- 42% afirmam ter ouvido informações que os desmotivaram a se vacinar, incluindo alegações de que a vacina foi desenvolvida rapidamente, não é eficaz ou causa efeitos colaterais graves.
“Com 86% da população da região Sudeste considerando a vacinação contra a dengue uma medida preventiva eficaz, vemos avanços na conscientização. No entanto, é essencial fortalecer a confiança para combater a desinformação, que prejudica a adesão à imunização”, comenta Vivian Lee, diretora médica da Takeda Brasil.
Metade dos participantes da região Sudeste são pais com filhos entre 4 e 17 anos. Embora cautelosos, eles têm atitudes mais positivas em relação à vacinação em geral, buscando informações e prestando atenção às campanhas. No entanto, esse grupo está mais exposto a fake news, principalmente em redes sociais e canais pessoais como WhatsApp. “Esses pais reconhecem a importância das vacinas e buscam informações para tomar decisões mais informadas sobre a saúde de seus filhos”, destaca Dr. Chebabo, da SBI.
Conhecimento sobre a dengue
Embora a maioria dos entrevistados do Sudeste reconheça a gravidade da doença, a disseminação de fake news, principalmente pelas redes sociais, destaca a importância das campanhas educativas.
- 9 em cada 10 pessoas no Sudeste consideram a dengue uma doença grave.
- 81% buscam informações sobre a dengue.
- 54% lembram de campanhas ou ações nos últimos 12 meses.
- 45% já tiveram dengue; 91% conhecem alguém que teve.
- 23% conhecem alguém que já faleceu em consequência da dengue.
- Redes sociais(30%) e WhatsApp/SMS (25%) lideram a disseminação de fake news.
Para o médico infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o conhecimento sobre a gravidade da dengue é reconhecido pela população, mas a circulação de fake news, especialmente nas redes sociais, representa um desafio significativo para o controle da doença. “Informações falsas sobre vacinas em geral, formas de contágio e tratamentos acabam confundindo as pessoas e dificultando a adesão a medidas preventivas e ao tratamento adequado. Por isso, campanhas educativas consistentes e claras são essenciais para combater esses mitos e reforçar a importância da prevenção e da vacinação contra adengue,” afirma Dr. Kfouri.